Wednesday, 29 November 2023

Emi's Notes Comenta: Taylor Swift no Brasil

ou: ser fã é um evento muito estressante
ou também: o carnaval das patricinhas
ou ainda: mulher feia, triste e fã de prog rock inventa de pegar três ônibus pra ver uma loira pernuda no rio de janeiro e dá tudo errado

Comentei meio de passagem por aqui, mas em junho desse ano consegui comprar um afamadíssimo ingresso pra um dos shows da turnê atual da Taylor Swift, a The Eras Tour, no Brasil. A mulher viria fazer três shows no RJ (17, 18 e 19/11) e três em SP (24, 25 e 26/11), trazendo sua presença pra essas terras depois de 12 anos. Eu tinha um ingresso devolvido da finada Lover Fest dela que foi cancelada pela pandemia, e embora estivesse meio assim de gastar os tubos num show num momento que eu não estava nadando em dinheiro, também nunca tinha tido a experiência de ir num show internacional e minhas amigas estavam empolgadíssimas, então decidi ir. Com quatro álbuns inéditos e duas regravações lançadas que ela não teve oportunidade de sair em turnê, a gata decidiu simplesmente fazer uma turnê chamada The Eras na qual ela reviveu músicas de TODOS os álbuns MENOS O DEBUT, num espetáculo audiovisual de três horas com looks bafônicos, coreografias massa e muitos efeitos no palco, além de tocar toda noite duas músicas surpresa pra plateia dentre todas as que não estavam na setlist fixa e que ainda não tinham sido tocadas (as surprise songs). Um prato cheíssimo pra qualquer fã.

Mas antes, contexto. Entre julho e novembro de 2023, eu:

  • Ouvi todas as músicas da setlist do show que eu não conhecia, e comecei a garrar um amor nos álbuns Folklore e Evermore;
  • Falei mal da ideia de comprar miçanga pra fazer pulseira, comprei miçanga, fiz pulseira e adorei (só não comprei mais pq há limites);
  • Gastei 700 reais em passagens de ônibus pro Ridijanero (pois infelizmente não senti nem o cheiro dos ingressos pra SP);
  • Pensei em looks elaboradíssimos pro show e depois desisti;
  • Entrei em um grupo de whatsapp pra quem ia no show do Rio e foi certamente uma experiência antropológica conviver com fãs tão de perto por tantos dias HORRÍVEL;
  • Surtei por motivos pessoais ao som das mais tristes do Folklore e do Evermore;
  • Surtei por motivos pessoais berrando All Too Well 10-minute-version no carro;
  • Cansei de surtar ao som de Taylor Swift e parei de ouvir ela, mas não sem antes descobrir que Cruel Summer é boa mesmo e ouvir por 40x seguidas;

Enquanto isso, no mundo:

Swiftie lore: a primeira vez que a Taylor veio pro Brasil (divulgando o Red, em 2012) ela foi na Ana Maria Braga e ganhou UM LOURO JOSÉ.
 

Uma semana antes de vir pro Brasil ela estava fazendo show na Argentina, mas ao invés de dar uma passeada no parque das Cataratas e fazer umas comprinhas no Paraguai antes de vir pro Brasil, ela catou o jatinho dela e vazou pros EUA pra pisar aqui 4 dias depois.
O primeiro show dela no Brasil teve:

  • Calor do caralho;
  • Ela parando o show pra distribuir água pra galera;
  • Uma fã falecendo no meio do show (guardem essa informação) (eu vou discorrer sobre isso depois).

Quando o show do dia 17 acabou eu estava na metade da minha jornada pro Rio, em algum lugar depois do meu checkpoint na rodoviária da Barra Funda em São Paulo, e recebi a notícia do falecimento da menina. Daí pra frente, meusa migo, foi só pra trás.

Cheguei no Rio de Janeiro dia 18, 6:15 da manhã, pra encontrar:

  • Banheiro público acessível mediante três reais que não tinha papel higiênico
  • A rodoviária infestada de swifties;
  • Suor as 7 da manhã;
  • Problemas externos que impossibilitaram um encontrinho chique das minhas amigas antes do almoço (duas das quais que iriam no show do dia 18, dali a algumas horas);
  • Uber beirando os 60 reais;
  • Notícias de que o show começaria uma hora mais cedo, provavelmente por causa do calor;
  • Um hotel infestado de swifties mineiras, muitas das quais menores de idade e que estavam acompanhadas das mães, se arrumando pra sair de excursão até o Engenhão, enquanto tocava o Folklore no hall e eu só queria fazer check-in e tomar um banho depois de ter já acumulado 5 camadas de suor na minha jornada de 31 horas fora de casa.

Depois de algumas horas fazendo força pra não capotar na cama pleníssima do meu hotel na Barra da Tijuca, encontrei minha amiga com quem iria no show no dia seguinte, e estávamos combinando de ir jantar quando chegou a notícia do cancelamento do show do dia 18, às 17:44, mais ou menos meia hora antes da hora prevista pro início. Eu fiquei estarrecida. Tentamos conversar com nossas amigas que estavam lá e depois de algumas horas, a resposta delas: teve arrastão dentro do estádio, tudo foi caótico e assustador, extremamente frustrante. Eu honestamente não saberia dizer como eu ficaria se fosse eu lá.
Enquanto isso, começou a ventar e chover no Rio de Janeiro e até raio caiu dentro do Engenhão.

No dia 19, acordei completamente abatida capenga e nervosa com o que quer que me fosse acontecer. Choveu forte de manhã e passei o dia na função ir pro show, mas ao mesmo tempo paranóica com qualquer notícia de cancelamento do show - embora a chuva, que já estava prevista uns 10 dias antes, realmente abaixou o calorão. Pagamos mais uma pequena fortuna em Uber, almoçamos num lugar simpatiquinho, quando bati a porta do carro que levaria a gente pro Engenhão só conseguia pensar "meu Deus nada mais pode dar errado agora" e "meu Deus do céu IMAGINA SE DER ERRADO?" Highlights do trajeto: vi pela janela o castelinho da Fiocruz, reminiscência do meu passado profissional de saúde pública (:

Ao chegarmos lá:

  • Um amigo meu dizia que o Rio de Janeiro se divide entre o Rio e o De Janeiro. O Engenhão fica no De Janeiro e é uma parte da cidade habitada por pessoas normais, é um bairro meio classe-média-baixa-trabalhadora que literalmente a Globo não mostra;
  • Fiquei impressionada com a magnitude das coisas: o tamanho do estádio por fora, a quantidade de gente, a quantidade de gente vestindo a mesma roupa (a saia de paetê prata da Renner), e adereços brilhosos diversos que me fez batizar o rolê de carnaval das patricinhas;
  • Passei calor pela primeira vez no dia, e assisti a mão invisível da economia fazer seu trabalho quando fui fazer xixi na casa de uma pessoa completamente aleatória que, como várias, cobrava 3 reais pelo uso do sanitário;
  • Teve treta por pessoas furando fila;
  • Começou a chover, me obrigando a por capa de chuva;
  • Posso confirmar que é verdade que em dado momento da fila do show ninguém te revista direito. Nem olharam meus documentos;
  • Não consegui acreditar que era verdade que eu realmente tinha entrado lá e que aquele show ia acontecer. Eu fiquei esperando dar errado até o último momento;
  • O show é realmente um espetáculo visual de 3 horas, mas eu achei que ia me emocionar mais;
  • Teve todo o rolê lá de ela cantar Bigger Than The Whole Sky;
  • Encontramos swifties legais e queridos, mas os pais de swifties novinhos foram em geral grossos e insuportáveis (exceto as mães mineiras que eu encontrei no hotel);
  • Considero um milagre eu, uma caipira do interior do Paraná ter ido embora 1 da manhã de Engenho de Dentro sem ter sido assaltada;
  • Nunca mais espero ir num show de pista. Cadeiras, por favor.

Na segunda-feira catei minhas coisas e comecei minha peregrinação pra casa enquanto Taylor Swift se arrumava pra fazer o show do dia 18 que tinha sido remarcado pro dia 20, onde enfim a gata pegou tempo bom e um calor menos diabólico, mas perdeu o salto da bota no primeiro ato do show e continuou se apresentando na ponta do pé tal e qual a Barbie. Não tenho a menor ideia de onde ela se enfiou ou o que fez enquanto ficou no Brasil, como foi pra SP, onde comeu, onde se entreteu - só sei que por lá teve outro show debaixo de chuva. O que me informaram é que anteontem (27) ela já zarpou imediatamente do país, sem anunciar nada novo e deixando o brasileiro com a terrível surprise song Me!, pra ficar dois meses morando com a geladeira Electrolux dela numa mansão no Kansas.

Agora, minha opinião pessoal:

Como eu não sou fã dessa mulher, posso falar: Achei podre a atitude dela diante da morte da fã. É claro que não foi culpa dela, mas o distanciamento da história me marcou como algo horrível. Ela postou um único story no dia 17, depois do show, dizendo que a menina havia morrido antes do começo do show, o que é falso, e disse que não ia se pronunciar sobre o assunto no palco. Os comentaristas da internet disseram que isso pode ter sido por proteção legal. Eu, enquanto pessoa que tem algum envolvimento emocional com essa mulher pra ter ido até lá, achei podre. No show do dia 26, veio a notícia de que a família da fã compareceu ao show e se encontrou com ela, com fotinhas e tudo. Cada um lida com o luto de uma forma? Sim, mas o que é o luto da Taylor Swift perto do luto da família da menina? Por Deus, sei lá.
O cancelamento do show do dia 18 eu achei o maior dos absurdos. Segundo a outra nota que ela postou - que também foi um único story de texto - o cancelamento ocorreu por causa das "temperaturas extremas" no Rio. Amada, sua equipe não sabe olhar o Climatempo? TODO MUNDO sabia que tinha uma onda de calor no Rio, que tinha chance de chuva no dia 19, etc. Tudo bem, imprevistos acontecem, ela não pode decidir as coisas sozinha, mas cancelamento de última hora devido ao calor - quando todo mundo sabia que ia estar calor, quando os fãs passaram o dia torrando debaixo do sol quente na fila, quando já era 17:30 e o sol enfim estava baixando, quando faltava uma hora pro show e o povo já estava montado, empolgado, vivendo o que enfim planejaram pra viajar lá dos confins do Brasil pra isso, foi de um amadorismo absurdo. Se não queriam conduzir o show por conta do falecimento da Ana, teria sido muito mais digno explicar isso, mas de novo, isso implicaria o reconhecimento de algo que poderia trazer problemas jurídicos. Se foi isso, podre.
No show depois do ocorrido (o meu), ela tocou Bigger Than The Whole Sky como surprise song. É uma música bem tristinha que vi uma vez a interpretação de que era sobre aborto e achei que casou muito bem, mas não tem - e nem teve na apresentação - nada explícito de que ali se tratava de uma homenagem pra alguém que morreu. Nada, absolutamente nada foi dito, e eu também achei podre mandar uma possível mensagem cifrada no melhor estilo "quem é fã sabe" diante de um momento tão confuso e delicado pra tanta gente que estava olhando pra ela naquele momento. Mulher, cê não vê The Crown???? (Se você não vê The Crown, estou me referindo a uma cena que o Charles fala pra Rainha BE THE MOTHER OF THE NATION. Mostra que você tá vendo o que tá acontecendo ô caralho, ao invés de se esconder atrás da noção de privacidade, quando o que aconteceu foi um evento notoriamente público.)

Eu esperava me debulhar em lágrimas a partir da terceira ou quarta música do show (é o que costuma acontecer em casa) e isso não aconteceu. Talvez isso tenha a ver com o nervoso que eu passei, talvez com o fato de que tudo é perfeitamente ensaiado: as caras e bocas, as interações dela com a platéia, as pausas e silêncios, a pose beijando o muque antes de The Man, a pausa pra conversar com a plateia (e se emocionar) antes de Champagne Problems. Tudo bem, esse é o trabalho dela e nem todo dia de trabalho você está transbordando emoção, mas................ li no twitter uma pérola de sensatez que dizia que o trunfo da Taylor é ela ser extremamente relatable, simples, emotiva, que sofre por desilusões amorosas e se sente inadequada como você e eu. Então, se eu saí daqui da puta que pariu pra viver uma ~experiência com essa mulher, eu esperava um pouquinho de emoção genuína. Bem feito pra mim, que fiquei esperando amizade de uma estrela pop. Mas é realmente um show muito bonito e com certeza os fãs amaram, então quem sou eu na fila do pão pra dizer alguma coisa.

O rolê da relatability também ficou feio no Brasil: enquanto os artistas vêm aqui e tomam banho em praia interditada, vão pedir benção na missa, em escola de samba, em cervejaria, vão fazer compras no mercadão, tomar uma na praia, ver jogo da seleção e o escambau, TS não nos deu nem a alegria de uma notinha na mídia pra dizer que comeu um pão de queijo e amou. Ah, mas nenhum desses artistas aí que fez isso é grande igual ela, vão dizer. Ah, mas é perigoso, não sei o quê. Michael Jackson veio pra esse país GRAVAR CLIPE no meio da favela. Nosso povo brasileiro é um povo muito sofrido e simpático, o verdadeiro vira-lata caramelo e a gente certamente iria sair do nosso caminho pra dar carinho pra essa mulher, levar uma água, um cafezinho, um protetor solar, uma aguinha de coco, mas ela não deu nem abertura, postou nem a foto do Cristo Redentor metamorfoseado na retrospectiva protocolar que ela postou. Minha sensação? Ela detesta esse país e só veio aqui ganhar dinheiro.

Por fim: eu achei que o rolê das pulseirinhas ia ser ridículo, eu amei o rolê das pulseirinhas. Troquei com amiguinhos que fiz na rodoviária na ida e na volta, queridos que estavam tão perdidos e sozinhos quanto eu, e com as amigas virtuais que pude enfim desvirtualizar neste rolê - e isso foi muito gostoso, não me sentir sozinha, encontrar pessoas que compartilham das mesmas emoções, que fizeram pulseirinha das minhas músicas favoritas e ficaram feliz em trocar comigo ou até mesmo distribuir as que tinham feito. Fica aqui o registro das pulseiras que voltaram comigo, com menções honrosas pra "obsessive and crazy" que eu arrebentei sem querer, a maravilhosa "verão do carai" e o duo "in a storm" e "fearless" (fui eu que profetizei a chuva pra combinar com minhas pulseiras, desculpem)

tag yourselves, eu sou a 'in a storm' (inclusive, feita por mim mesma. Essa era introcável)

Depois dessa tour, vou aposentar minhas chuteiras de fã e curtir Taylor Swift só no sigilo, já que ela não me valoriza de volta. Devia ter ido ver o Maneskin que cantou Exagerado (!!!) e Vent'anni só porque a galera do twitter pediu.


Friday, 10 November 2023

Dez momentos em que a Taylor Swift fez igual ao Led Zeppelin

Um post pra unir (ou desunir) todas as tribos, como foi o Norvana.

  • Quando ela lançou um debut self-titled

Era 1969 quando o Led Zeppelin (uma banda que na verdade antes era outra banda só que sem poder usar o nome da outra banda por motivos comerciais e literalmente decidiu se batizar de zepelim de chumbo) debutou nas prateleiras com um disco nomeado com o próprio nome, ilustrado com nada menos do que um zepelim pegando fogo (e com uma excelente faixa de abertura). Algo muito parecido com o que Taylor Swift faria em 2006, no seu cd de estreia que, por falta de fogo nas imagens, tinha uma faixa chamada Picture to Burn.

  • Quando ela lançou dois álbuns com menos de um ano de diferença 

Amamos um artista prolífico. Os álbuns I e II do Led tiveram dez meses de diferença, enquanto Taylor lançou o Evermore seis meses depois do lançamento do Folklore, em 2020.

  • Quando ela se isolou do mundo depois do cancelamento da mídia pra compor um negócio novo

Qualquer pessoa versada na internet nos anos de 2010 sabe que, depois de virar a melhor coisa do pop com o lançamento do 1989 em 2014, a Taylor Swift foi cancelada em 2016 pelo Kanye West por uma briga aí, ficou com a moral nas últimas, deletou tudo das redes sociais e depois lançou um novo cd no qual ela clamava que tinha matado sua antiga versão, pra depois anunciar que ninguém viu ela fisicamente durante um ano. Basicamente a origem do meme "fui massacrada vou desativar por alguns dias".
Mas vocês sabem quem teve essa ideia antes?????
Depois de virar a melhor coisa do rock em 1970, o Led Zeppelin lançou um terceiro álbum, do qual a crítica especializada falou mal, o que acabou com o moral da banda, fazendo eles recusarem ofertas de turnê, se enfiarem num casebre no meio do nada pra compôr e lançarem um novo cd sem nome nem identificação nenhuma - além da Taylor Swift do rock também ter ficado um ano e meio sem falar com jornalista.

  • Quando ela fez uma música falando dos fãs

Got no time to pack my bags, my foots outside the door / I got a date, I can't be late, for the high hopes hailla ball (The Ocean, 1973) / Long live all the mountains we moved / I had the time of my life fighting dragons with you (Long Live, 2010).

  • Quando ela lançou um filme da turnê 

O que dizer sobre filmes de turnê? O do Led foi gravado em 1973, tem reviews péssimas da crítica mas é adorado pelos fãs e fez eles ganharem dinheiro (e eu não tenho a menor vontade de ver). O da Taylor foi gravado em 2023, (são cinquenta anos de diferença mesmo? meio século? 100or) tem reviews boas da crítica, só vai ser aclamado pelos fãs que tem tempo e dinheiro pra dar quase 100 reais em ingresso de cinema, e com certeza vai dar mais dinheiro pra ela (e eu tenho ainda menos vontade de ver).

  • Quando ela começou a lançar capas sem nada escrito

Pessoalmente eu admiro muito o conceito "vou lançar esse negócio aqui sem nem precisar escrever que sou eu que estou lançando, e as pessoas vão comprar".  As capas em questão pertencem ao quarto disco, Houses of The Holy, Presence (que eu detesto de forma irracional) e In Through The Out Door. Do lado da Taylor, temos Folklore e Evermore, e as regravações de Fearless e Speak Now (e Red, tecnicamente)

  • Quando ela lançou um cd com variações de capa

Vocês achavam que essa putaria de lançar o mesmo cd com cinco capas diferentes pra fazer as pessoas comprarem mais começou com a ~loirinha??? Achou errado!!! O disco In Through The Out Door (1979) tem seis variações de capa possíveis e o disco vinha embrulhado em papel pardo sem nenhuma indicação de qual capa você ia pegar - recurso que a mulher usou quando empacotou cinco sets diferentes de fotos no 1989 original (2014), e reimaginado com as quatro versões diferentes do Midnights (2022) que formam um relógio se você comprar junto o suporte que ela vende.

  • Quando ela lançou um monte de inéditas que ficaram de fora de um cd

Quando o Led Zeppelin acabou eles precisavam lançar mais um disco, então compilaram várias faixas que tinham sido gravadas e ficado de fora dos álbuns anteriores, basicamente uma versão pocket de todos os lançamentos "From the Vault" que a Taylor Swift começou incluir nas regravações dos primeiros seis discos dela.

  • Quando ela mandou destruir coisa por pirataria

A compridona mais famosa do pop mandou os advogados entrarem em contato com certos comerciantes brasileiros que estavam fazendo merchandising próprio pra The Eras Tour e mandou acabar com tudo, com um pouco mais de classe mas o mesmo sangue nos zóio em prol do dinheiro que o empresário do Led que descia o sarrafo em quem fazia bootlegs dos shows

  • Quando ela fez composições baseadas na literatura
Rock 101 é saber que o Led Zeppelin tem três músicas que se inspiram em O Senhor dos Anéis: Misty Mountain Hop, The Battle of Evermore e Ramble On, dividindo os temas mais frequentes nas músicas deles em sexo, fantasia medieval, portas dos fundos e sonegação de imposto. Já no caso da Taylor, temos falar mal de ex, escrever romances em quatro minutos, transtorno mental e referenciar histórias clássicas, desde Romeu e Julieta, com Love Story, até Rebecca e O Grande Gatsby.
  •  Eu tive que editar esse post depois de TTPD: Quando ela decidiu lançar uma música intitulada Black Dog  


Who wore it better????????????????? 

  • Bônus: cachos loiros longos selvagens dignos de comercial de máscara de hidratação:

(todo post é uma desculpa pra botar foto do Robert Plant e falar bem do cabelo dele)

Obrigada aí pra quem ainda tem paciencia com meus surtos de fangirl!! :* :*

Monday, 6 November 2023

6 on 6: novembro 2023

Oi oi!
Esse mês temos outro post de 6 on 6 em conjunto. A diferença é que optamos por não dar um tema pras fotos, pra variar um pouco e ver onde vai a criatividade com um prompt mais caótico.

Já falei aqui no blog que eu sinto falta de fotografar e queria voltar a fazer isso, e no último período peguei a câmera e saí de casa com ela duas vezes. Até agora, 2023 me rendeu 240 cliques com a câmera - o que é mais do que o ano passado, mas um número assustadoramente baixo em comparação ao que já fiz. Me sinto destreinada, intimidada pelos cliques ruins, mas preciso lembrar que se em uma época eu me considerava uma fotógrafa razoável é porque em 2013-14 minha câmera bateu mais de 15 mil cliques. Fotografar bem é principalmente enxergar de outra perspectiva (soei muito clichezona, mas é verdade).


unintentionally nas cores da natureza

editei essa foto de vaca meio doidona e ficou meio vibes anos 70 (e automaticamente me remeteu à capa do pink floyd)

pôr do sol refletindo na sujeira do vidro

meu sogro mora num sítio que possivelmente é um dos lugares mais bonitos que eu já vi na vida (era mais bonito antes de algumas melhorias necessárias pra torná-lo seguramente habitável, mas enfim). Essa foto passa mais ou menos a vibe que tive a primeira vez que fui lá conhecer


O 6 on 6 continua nos blogs: Amanda (Cardamomo) - Arantxa (Arantchans) - Liz (Liz Sales) - Nat (Nasetet) - Vanessa (Tristezinhas Cotidianas)

bjo bjo e até! <3


Wednesday, 1 November 2023

A Tour da Papelaria Castorino

Como esse é um blog pessoal e acho que já ficou estabelecido que sou uma pessoa meio obcecada com coisas de papelaria, achei válido falar da minha participação nesse evento que foi uma das maiores tours de papelaria dos últimos tempos hehe. Segue textão em formato acadêmico:

Introdução 

Caso você esteja vivendo debaixo de uma pedra, não use o Tiktok ou não seja uma pessoa obcecada por produtos de papelaria que recebe noticias sobre o assunto dos seus amigos que usam o Tiktok, a Papelaria Castorino - uma papelaria normal, familiar, que existe em Vitória faz décadas e faz seu corre vendendo material escolar - hitou na internet porque expôs um estoque de produtos dos anos 90 e 2000 em ótimo estado de conservação. Aparentemente eles tem um estoque IMENSO mesmo que ficou acumulado por compras sem planejamento (e só Deus sabe como não foram a falência com tanto capital parado por décadas, mas não estou reclamando), mas o fato é que a empresa ainda opera normalmente, tem várias lojas e regularmente vendia material normal de papelaria, coisinhas de presente, brinquedos e materiais vintage junto e misturado. Você ia lá comprar um caderno pro começo do ano e ia achar os cadernos novos e os de 2007 lado a lado - até aí normal, era produto do estoque e eles trabalham com isso.
Com o hit na internet, várias pessoas ficaram doidas e quiseram saber como podiam comprar as relíquias (eu inclusa) já que não moravam no ES. Primeiro eles tentaram vender pela Shopee, mas aparentemente a loja deles foi bloqueada por lá por muitos acessos (???) e essa operação ficou impedida. Achei estranho, mas não tenho opinião porque só descobri a história depois disso. Sem a Shopee, a ideia seguinte foi fazer um e-commerce pra poder operar vendendo nas lojas físicas e online, os produtos antigos e novos ao mesmo tempo. Pra eles, não parece existir uma distinção entre o "nicho vintage" e os produtos atuais, mas pro público claramente existe.

Método e resultados

Comecei a seguir eles no Instagram faz uns três meses e, acompanhando com uma frequência absurda, o que eu vi foi muita gente - MUITA - nos comentários dizendo que tava doida pra comprar, pra satisfazer vontade de coisas que não pode ter 20 anos atrás, pra dar pros filhos, pra usar, pra colecionar. Pessoalmente, eu fiquei animadíssima com a possibilidade de achar um estoque de cadernos espiral 1/4 da Tilibra, da época que os cadernos ainda tinham 96 folhas (uso como diário e sou frescurenta, não gosto de outras marcas, odiei a diminuição de 16 folhas que ocorreu com o tempo). Foi um período de muito trabalho e muitos stories - acho que todo dia eles postavam pelo menos uns quatro indo pro estoque, abrindo caixa, mostrando caderno da Sandy e Júnior, agenda de 2002 da Capricho, estojo de lata, índice telefônico dos Looney Tunes e uma coleção sem fim de produtos da Grafons, que me fez perceber que a marca tinha deixado de existir e levou embora aquela magia em cores vibrantes de produtos de personagens licenciados e extremamente detalhados que marcou minha adolescência. Tinha bloco de fichário das Menininhas, tesoura do Pooh, bolsa da Pucca, caderno do Leonardo, lancheira do Digimon, agenda da Sininho, diário da Minnie, uma festa só.

Nisso, começou a acontecer o seguinte:

  • O site demorou bastante pra ficar pronto e muita gente ficava afobada, desesperada, achando que não ia conseguir comprar as coisas, que não ia ter pra todo mundo, que iam vender tudo nas lojas físicas (que caso você não tenha entendido até aqui, são produtos reais oficiais produzidos nos últimos 30 anos, então muita coisa já tinha saído do estoque oficial há eras e quando acabar, acabou) e que assim, todo aquele auê de stories era propaganda enganosa e as pessoas iam ficar na vontade;
  • Várias pessoas apareciam todo dia perguntando a mesma coisa nos comentários (onde compra? qual o site? tem x item do personagem y?);
  • Muita gente queria saber o preço das coisas pra saber se era viável ou não (e eles demoraram bastante pra passar isso);
  • Algumas pessoas passaram a comprar na loja física e revender na internet botando lucro em cima e gerando certo medo e revolta no público que queria comprar;

Aí, no dia 16 de setembro, anunciaram que o site ia ser lançado dia 01 de novembro e:

  • O público clamou para que houvesse algum tipo de limite de compra por CPF, pra se proteger de revendedores que pudessem sei lá, comprar 30 fichários da Jolie de uma vez;
  • Também clamaram por formas de se antecipar para a compra: saber de antemão os preços, fazer um pré-cadastro na plataforma;
  • Clamaram obviamente por opções gentis de FRETE, particularmente o grátis;
  • Como o site ia abrir em uma data específica pra compra, também sugeriram que o produto pudesse ficar seguro por alguns minutos no carrinho, pra dar tranquilidade pras pessoas poderem explorar o que havia no site e assim fechar um pedido só pra pagar um frete só;
  • Os donos disseram que tinham se programado pro site aguentar o excesso de visitantes e ele não cair;
  • Quase na véspera do dia 1, sem hora definida pra abertura do site ainda, fizeram uma enquete com os seguidores perguntando se o melhor horário para abrir seria seis e meia ou sete e meia da manhã.


Aí, chegou dia 30 de outubro e:

  • A Papelaria decidiu abrir o site antecipadamente no dia 31, as 8 da noite;
  • Não ia ter limitação de compra por CPF, nenhum tipo de frete grátis, nenhum pré-cadastro (seria feito com os dados que a gente informaria na hora de fechar o pedido), nenhuma ideia sobre os preços além de um vídeo que eles haviam publicado no dia 9 de outubro falando os preços de alguns fichários, e a recomendação dada pros compradores para não perderem os produtos que queriam era colocar no carrinho e finalizar a compra de imediato, ao invés de esperar pra fechar um carrinho só (e assim, logicamente, acabar pagando vários fretes);
  • O servidor deles obviamente caiu.

Análise

A experiência desse lançamento pra mim só não foi pior do que a compra do ingresso da Taylor Swift porque eu consegui comprar quase tudo o que eu queria - depois de exatamente uma hora e vinte e sete minutos dedicada exclusivamente a isso. Passei, portanto, MAIS tempo do que o que eu gastei no site da Tickets4fun, e mais nervoso (já que o site caiu e não tinha por exemplo uma fila infinita que me desse uma noção de horário). Depois de meia hora dando F5 o site começou a aparecer pra mim, eu consegui pesquisar as coisas que queria, mas dava erro e não ia pro carrinho. Depois de uma hora e dez eu desisti, fui enfim socializar com a família como uma pessoa normal faz depois de sair do trabalho, mas o site funcionou no celular, comprei e paguei com um frete só.
Tirando o caos pra conseguir acessar o site, foi bem fácil navegar pelo site, por meus dados e pagar, e a busca funcionou direitinho. Diga-se de passagem, paguei QUARENTA reais de frete.
Quando entrei de novo no Instagram deles pra acompanhar a repercussão (umas onze da noite), os comentários estavam bem ruins: muita gente com produtos no carrinho sem conseguir comprar pois o site não tinha formas de envio disponíveis para a sua cidade (vi pessoas mencionando que isso aconteceu com entrega pra capitais, cidades de MG, SP, Guarulhos, Niterói... insano), pessoas que passaram pelo terror de por produto no carrinho e ele esgotar antes de pagar, que esse bug do envio fez muita gente perder produtos, muita gente reclamando da queda do site e pessoas reclamando dos preços. Agora, no final do dia 1/11, a reclamação dos problemas de falta de envio pra localidade parecem ter aumentado ainda mais.

Aqui vou fazer um parêntese pra falar dos preços: apesar de eles não terem anunciado com antecedência - o que eu achei desnecessário, porque ajudaria o pessoal a se preparar - eu não achei caro. Quer dizer, está caro sim, mas não mais excessivamente caro do que os produtos atuais. Paguei 25 reais em um caderninho 1/4 espiral de 96 folhas, um novo (com 80 folhas) no site da Tilibra está 30. Aí tem gente que entra dizendo que por serem produtos velhos e sujeitos à ação do tempo devia ser mais barato, gente que entra dizendo que por serem vintage e limitados devia estar ainda mais caro, e nesse sentido achei justo usarem o preço atual como referência. Sim, se você for comprar na Kalunga, ou em quantidade, ou numa promoção da Amazon, ou de alguma marca obscura você vai pagar mais barato, mas se você está mais preocupado com o preço do que com o produto em si realmente não compensa comprar de uma papelaria no Espírito Santo que não é nem perto de você e nem famosa por preços competitivos. De qualquer forma, isso deu bastante backlash. Talvez se tivessem apresentado os produtos com mais detalhes, feito um conteúdo com mais cara de porno de papelaria (haahahahahahaha), teriam se aproximado mais da clientela que compraria sem dó de pagar.

Ainda que eu tenha conseguido comprar, achei realmente que a ~experiência ~ de compra foi terrível. A história das vendas online se arrastou por meses, a informação ficou bastante perdida e difusa, o que gerou ansiedade - mesmo com um buzz constante na imprensa, questões sobre preços e os inúmeros pedidos pra limitarem por CPF só foram respondidas na hora. Não sei se seguraram as informações dos preços para não sofrerem esse backlash antes do site sair, mas talvez teria sido melhor deixar tudo claro antes e direcionar pra quem tem interesse em comprar essas coisas, pra já ir cativando e fortalecendo a relação com o cliente.
Muita gente também relatou a experiência de expectativa, ansiedade, decepção e frustração - que é uma coisa que ninguém precisa mais, especialmente se você está falando de uma compra por hobby (como costuma ser papelaria) de algo que lembra a infância. Teve quem levou na esportiva, teve quem pareceu bastante chateado, teve quem apareceu nos comentários pra dar lição de moral em quem tava triste e se mostrar um ser humano evoluído, dizendo coisas do tipo 'parem de amargura, gratidão florzinhas'.
A mudança da data também achei bem problemática: anunciaram num vídeo de 16 de setembro a data 1/11, deixaram essa informação no fixado o tempo todo, e no dia 30/10 disseram que teria o pré-lançamento no dia 31. Nesse pré-lançamento colocaram o site operando com todo o estoque, ou seja: se tinha algum cristão que não pode entrar na internet nesses dois dias e estava esperando conseguir algo no dia 1, deve ter ficado bem decepcionado. Depois justificaram que essa mudança se deu também porque no dia 2 não teriam como ter suporte por causa do feriado - mas as pessoas deviam saber que teria feriado no dia 2 quando escolheram o lançamento no dia 1.
O problema das entregas, eu nem sei o que dizer, de tão absurdo - pelo jeito foi um bug. Mas isso também contribuiu muito pra experiência ruim, já que quando você abre o site está lá 'envio garantido pra todo o Brasil'.

Considerações finais

É óbvio que nem todo mundo iria conseguir comprar tudo, mas eu achei que todo o processo foi extremamente caótico e um tanto quanto amador, e dizer "que bom que compraram tudo" não aumenta a simpatia do consumidor frustrado com você. Se tem processos de venda online que conseguem segurar coisas por x minutos no carrinho, unir mais de um pedido pra processar ele com um frete só (alô, loja da Hobonichi), promoções que limitam máximo de x compras por CPF, gente que dá frete grátis acima de um valor x, servidores que não caem mesmo com acessos de público de show da Taylor Swift, por que não implementaram isso?
Por que não ter estruturado antes o e-commerce como uma papelaria normal, pra testar o site, e fazer o drop dos produtos mais especiais em uma outra data? Será que teria funcionado fazer drops menores, avisar o pessoal de quantidades, deixar todo mundo ter uma noção prévia dos preços? Ou quiseram fazer dessa forma pra não perder o barulho causado pela ansiedade da galera?
Embora sabemos que as pessoas fizeram o seu melhor e que ninguém gerou o caos de propósito, na minha opinião (tm) depois de tanto buzz e expectativas alimentadas por quatro reels diários durante meses, faltou planejamento pra ~encantar ~ o tal do cliente, e eu acho que isso gerou uma primeira impressão bem ruim pra vários potenciais compradores de todo o Brasil. Talvez teria sido melhor seguir as sugestões de alguns seguidores e fazer um museu da papelaria mesmo.
E se continuarem a vender, frete grátis, pelo amor de Deus, o Brasil implora!!!!!!

Ah, eles ainda tem caixas fechadas de produto que ninguém ainda sabe o que tem dentro e em algum momento (sabe-se lá quando) esses produtos antigos vão entrar no site de novo. E se você perdeu algo que queria muito nessa venda, pode tentar procurar alguém revendendo (às vezes de forma extremamente superfaturada) na Shopee (aqui aqui aqui aqui aqui).


UPDATE: Aparentemente hoje, 3 de novembro, várias pessoas estão falando nos comentários do Instagram que tiveram seus pedidos cancelados pela loja e não tiveram explicação. Segundo a loja, o grande número de acessos causou sobrecarga e erro na comunicação entre a plataforma que fazia a venda e a plataforma que contabilizava o estoque, então isso gerou mais frustração em uma galera que achou que enfim tinha conseguido comprar os itens que sonhou. O estorno dos pedidos foi/vai ser feito, mas tem muita gente chateada pela questão dos itens que perdeu.


Opinião pessoal: diante de tanto choro e ranger de dentes também tem uma galera agindo como advogada de papelaria e criticando os clientes por reclamarem e agirem como "crianças imaturas". Se você não tá achando que é o fim do mundo essa tour, legal, mas isso não te faz melhor do que ninguém, para de debochar do sofrimento alheio, cada um tem a sua experiência. Não acho que a Papelaria tem que ser linchada, mas com certeza quem não tem culpa de nada nisso é o consumidor.