Wednesday, 22 June 2022

Aquarela

Comecei a ter algum interesse por essa técnica de pintura no começo da pandemia. Por que? Não sei. Nunca fui boa desenhista, nem tive contato prévio com pintura de guardanapo, muito menos com Arte com Letra Maiúscula. Mas eu gosto muito de desenhar.

Aquarela, inclusive, pra mim sempre tinha sido uma técnica esquisita, na qual você passa água na folha sulfite e o negócio vira uma borroqueira só. Mas acho que gradualmente a internet e seu algoritmo foram me mostrando trabalhos bonitos, com manchas delicadas, cores suaves, formas orgânicas, particularmente o perfil da Reina Yamada. Segundo meu histórico do Google, em 2013 (!) eu já tinha pesquisado sobre o assunto, mas devo ter me assustado com os preços dos materiais e saí vazada.
Em 2020, Luiza Normey entrou na minha vida com vídeos esteticamente aprazíveis, diretos ao ponto e encorajadores. Vi outras fontes sobre aquarela no YouTube, mas de alguma forma, sempre voltava pra ver as coisas que ela pintava. A aquarela parecia tranquilizadora, imprevisível, quase mágica, trazendo caos e beleza, deixando manchas muito parecidas - obviamente melhores - do que as texturas de Photoshop que usei pra fazer o cabeçalho do meu outro blog (aquele, acessível por três pagamentos de R$499,99) ou os muitos pacotes de ilustração digital que me encantavam. Era algo que me remetia a infância e a sonhos, e só passar a tinta no papel parecia ser a chance de eu produzir algo unicamente belo pra mim.

Então, por impulso, eu decidi comprar:

Um blocão de papel canson A3 (a opção que me parecia com melhor custo-benefício);
Dois pincéis devidamente recomendamos pela Luiza;
Duas pastilhas de aquarela Cotman (uma das muitas decisões meio bosta que tomei comprando tinta)

Nesses dois anos eu já gastei uma quantidade de dinheiro que realmente não quero saber neste hobby - sempre um pouquinho por mês, parcelado nas lojas de arte que vendem pela Shopee. Pinto muito menos do que deveria, considerando o investimento financeiro - mas continuo comprando coisas porque, mesmo sem pintar, o contato com a aquarela me trouxe uma sensação absolutamente revolucionária:

Paz mental.

Eu pintava, saia tudo errado, e eu não me sentia um fracasso, ou não me comparava automaticamente com artistas talentosíssimos que postavam reels, como sempre fiz com todos os meus outros hobbies. 

Então eu fiz um caderninho A6 com algumas das minhas muitas folhas A3, pago todo mês quinze reais, (no momento da escrita desse post) pra Luiza Normey me aceitar no Clube da Aquarela dela (em que todo mês ela solta uma aulinha com uma pintura nova e ensina de um jeito bem adequado para iniciantes) e passei a me divertir muito lendo blogs sobre o assunto. Em particular, amo o site handprint.com, que tem um mundaréu de informações sobre tintas, pigmentos e informações técnicas sobre características físicas da aquarela, um paraíso pra uma nerd. As vezes eu pinto o projeto do mês, as vezes passo um tempo sem pintar, gosto de seguir alguns poucos artistas que acho incríveis (@_reina_yamada_, @angelynpeh, @maruti_bitamin, @luizanormey, @rikibeztiki) e acompanhar as discussões dos colegas de clube no telegram.

Deixo pra vocês algumas pinturas que fiz. Sei que nenhuma delas é perfeita, ou mesmo bonita, mas nesse caso eu realmente não estou nem aí kkkkkk perdão, contudo, se alguém se sentir incomodado com minha arte iniciante.

Essa menina aleatória, que ficou com proporções faciais esquisitas e o cabelo totalmente cagado, mas teve alguns acertos e eu gostei das cores que escolhi.

Estava tentando aprender a pintar árvores e fui pintar maçãs com volume. Eu nunca tenho ideia e não consigo entender direito onde colocar luz e sombra.

A menininha do fundo amarelo tem o cabelo mais bonito que eu já fui capaz de pintar e eu gostei da cor do cabelo da outra. Me ensinem a desenhar rostos, por favor

Aqui eu estava tentando esboçar um dos projetos do Clube da Aquarela e virou outra coisa. Eu gostei muito de ter conseguido pintar esse fundo todo colorido cor-de-burro-quando-foge! O sombreamento dos morangos, por outro lado, sofre do mesmo mal que as maçãs.

É isso, moçada. Aceito críticas construtivas . 


PS: Por algum motivo eu não estou conseguindo responder os comentários do blog na maioria dos navegadores que entro (o do celular e quando acesso o modo anônimo no trabalho - o Google acha ruim e pede pra eu logar, sendo que eu literalmente estou logada). Pelo jeito só consigo fazer isso no navegador do meu computador mesmo. Peço desculpa pros amigos, eu juro que não é esnobismo ou negligência (ME DEIXA INTERAGIR, BLOGGER!!!!!!!!!!!!!!!) ♡ ♡
PPS: Esse não é um post patrocinado pela Luiza Normey, mas se ela quiser me dar um voucher pra acessar o Clube Ilimitado, eu aceito 🤪 
PPPS: Vendo as fotos reparei que todos os comentários que faço nas pinturas estão em inglês. Por que isso? Meu cérebro artista foi alfabetizado em outra língua? Juro que não foi intencional, mas agora vou ficar reparando


Friday, 17 June 2022

Almanaque da Emi #2

Olha só, quinze dias depois estou aparecendo aqui para fazer mais uma listinha trivial do que aconteceu na minha vida!!! 

Lidos

Terminei de ler Falso Espelho e retomei algumas páginas de Columbine, dois livros que eu comecei a ler no início desse ano e ficaram parados. Quoto na íntegra a review que fiz de Falso Espelho no Goodreads: "Eu li esse livro num gás até o sétimo ensaio e depois eu parei. Talvez isso tenha alterado a minha experiência no final, mas eu gostei porque me surpreendi de entender e considerar tocantes muitas das considerações feitas pela autora. No geral eu sempre espero que esses livros de ensaios contemporâneos sejam um monte de bobajada incompreensível pras pessoas se sentirem intelectuais, mas nesse eu achei muitos apontamentos interessantes." O livro é composto por ensaios sobre a autoilusão, um assunto que parece cruzar o tempo todo com esse universo de redes sociais no qual me encontro e gosto tanto de estudar a respeito.

Assistidos

Comecei a ver Sessão de Terapia, que tem mil episódios, mas são todos curtinhos e são várias histórias, e já consegui pegar ódio da histérica que a Maria Fernanda Cândido está fazendo. Também vi a nova temporada de Stranger Things Fings!!!! Jurava que não ia assistir, porque morro de preguiça de ver coisas muito compridas, mas Digníssimo se empolgou comigo e fizemos quase uma maratona. Parabéns aos envolvidos: mesmo na quarta temporada eles conseguiram surpreender a audiência e manter a coerência. 

Links

Esse guri que criou cento e cinquenta e um pokemons brasileiros e eu AMEI. Na minha humilde opinião, meu preferido eh o megazord de tomada.

Ouvidos

Peguei o embalo e fui ouvir Altamira, a temporada nova do Caso Evandro Projeto Humanos. Não me senti tão envolvida quanto com a temporada anterior, mas fiquei horrorizada com a burrice dos responsáveis pela investigação: a polícia brasileira nos anos 90 parecia achar a ideia de serial killers um absurdo mas botava a maior fé em seita satânica que matava crianças. 
Também descobri que o King Crimson não lançou um único álbum (como eu pensava, por algum motivo desconhecido) e senti a necessidade de fazer uma playlist de romance slow burn pra acompanhar o humor geral que tomou conta da minha cabeça.

Jogos

Participei mais ou menos ativamente de um evento sazonal do site Subeta, queimei o teclado do meu computador enquanto ia jogar The Sims, tive meu computador consertado de volta e passei um bom tempo organizando meticulosamente as roupinhas que baixei pro The Sims. BOM DIMAIS

Hitou 

Ratanabá (alguém me explica que porcaria é essa pelo amor de deus) - Kim Kardashian estragando o vestido da Marylin Monroe 

Friday, 10 June 2022

Linha editorial: não temos

Updates: Natália levou a sério a recuperação blogueira e criou um cantinho do reforço. Caso você queira entrar nessa turma, grite aqui.

E aí, nessa trigésima quinta onda de revival blogueiro em que embarco, fiquei pensando em quais os motivos para eu ter tanta dificuldade de por em prática uma coisa que não apenas eu quero fazer, mas já fiz por anos com muita tranquilidade. Me dei conta de que, nos últimos tempos, eu praticamente escrevia só sobre as coisas que sentia, as coisas que aconteciam dentro da minha cabeça. Embora fazer isso me seja muito confortável, não acho que tenha mais espaço nessa internet que a qualquer instante está armada até os dentes pra cancelar as pessoas e printar alguma bobagem que você falou com a sua foto ao fundo. Em última instância, acho que foi essa consciência desagradável da autoexposição excessiva que fez com que eu tivesse que criar um blog novo.

A outra opção é falar sobre as coisas que eu faço. Mas acho que isso era muito mais fácil e mais comum quando eu era adolescente. Quando tinha mais tempo pra encontrar meus amigos à noite e fazer alguma coisa que pra nós era inacreditavelmente engraçada, ir em excursões com a escola, campeonatos esportivos, encontrar a paquerinha na sorveteria. Na condição de adulta, 90% das minhas atividades não são dignas de nota: eu trabalho (e não vou falar aqui sobre meu trabalho, porque não sou maluca de falar mal do lugar de onde tiro meu ganha-pão em 2022 na internet), leio coisas pro trabalho, e visito meus familiares no final de semana (que também não quero expor aqui pra sabe-se-lá quem está acessando a world wide web). Como todos os outros adultos que se prezem, acumulo livros na estante, projetos mal começados e… preguiça.

Às vezes minha vida faz alguns desvios mais interessantes da rota casa-trabalho-casa-final de semana com os parentes. Às vezes planejo viagens. Atualmente me interesso por fotografia, aquarela, journaling e caligrafia. De vez em quando também me interesso por moda, bordado, encadernação e, sei lá, produção audiovisual. Me casei recentemente e talvez construa uma casa, o que pode interessar a alguém aqui. Opino de maneira extremamente casual nos livros e filmes que li. 
Embora eu não viva uma vida deveras interessante (e por que você está escrevendo esse blog, minha filha? Pois é), também não quero gastar minha energia publicando uma versão fantasiosa dela. Acho que esse conceito de "criar conteúdo" é uma bobagem. Este website não tem nenhum valor comercial e eu só estou aqui pra me desestressar um pouco e fazer amigos na internet em um espaço social que não seja tóxico e tomado por anúncios. 

Dito isso, o que é que vocês estão fazendo das suas vidas além do ciclo interminável casa trabalho casa trabalho casa? Alguém quer saber de qualquer uma das coisas que andei fazendo? Vamos conversar sobre a vida sem alimentar nenhum algoritmo. ♡

Wednesday, 1 June 2022

Almanaque da Emi #1

Lembrei desse formatinho de post conversando com Natália, amiga da internet, que cunhou o termo "recuperação das blogueiras" enquanto falava da nossa vontade (aparentemente, infinita) de sentar a bunda na frente do computador e ocupar esses espacinhos online, mesmo que tenhamos falhado um milhão de vezes nos últimos anos. Percebi que realmente me sinto uma blogueira de recuperação. Entendam esse post como um trabalho de recuperação pra melhorar minha nota final.


Lidos

Textos pro serviço, como sempre, como nunca. Ah! Também li a HQ Gender Queer, uma narrativa autobiográfica sobre ser não binário (binária? Binari@? Binarie? Binárix?). Ela me chamou atenção porque aparentemente foi o livro mais censurado do último ano nos EUA. Como ainda é difícil pra mim entender exatamente como é se sentir não binário/a (e tenho mais questões: não binário é igual a gênero neutro? É igual a gênero fluido?), achei que a leitura ia me servir pra entender melhor. Acabou que não respondeu nenhuma pergunta que eu tinha, mas me fez pensar em outras, então acho que valeu a pena. POLÊMICA: quando eu li a notícia, achei que tinham proibido o livro por pura homofobia, mas tem algumas imagens gráficas de práticas sexuais (é uma autobiografia, afinal) que eu também não sei se eu ia querer minha prima de 12 anos lendo. Mas caso você seja adulto ou apenas menos puritano que eu, acho que a leitura valeu a pena.

*Aqui, um disclaimer: não sei usar linguagem neutra. Eu faço um post de boinhas só pra falar das coisas que vi e li e estou aqui me preocupando em ofender possíveis leitores por causa de linguagem neutra. É assim que a blogueira não sai nunca da recuperação. Seguimos.

Assistidos

Se você é meu migs, já sabe que sou um fracasso no departamento do audiovisual, mas casar aumentou consideravelmente as coisas que assisto passivamente por livre e espontânea escolha de Dignissimo. Nessa semana vi mais documentários sobre a segunda guerra e fui levada a conhecer a série Unifinished London, cheia de nerdices sobre a geografia, construção e planejamento da cidade onde eu ainda fantasio poder morar um dia.
Comecei também a segunda temporada da novelinha Bridgerton e só gostaria de dizer: Anthony Bridgerton, me beija pelo amor de deus (!!!!)

Links

Eu estava procurando uma lista de palavras legais da língua portuguesa (!) e achei esse post no blog da Clara.

Música

Ultimamente eu tenho ouvido as mesmas playlists convenientes que coloquei no meu iPod, que agora está no carro, mas não tenho paciência pra ouvir nada até o fim e passo todas pra frente. Tenho dado um pouquinho mais de atenção pras peças mais pedantes da minha biblioteca musical: Diário de um Detento, o musical Hamilton (de novo), Fanfare for the Common Man. Não sejam preconceituosos como eu fui por anos, ouçam Diário de um Detento.

Jogos

The Sims, como sempre. E os joguinhos mobile de sempre: Love Nikki (colecionar roupinha fofa e vestir a boneca com roupinha fofa) e Merge Mansion (um joguinho qualquer de merge).

Hitou 
(uma categoria pra contextualizar essa lista no tempo e depois ler e me lembrar de como a internet pega fogo pelas bobeiras mais absurdas)

Lula casando - CPI do sertanejo - eu não aguento mais vocês falando contra e a favor do casal Depp-Heard - blogueiras genéricas em Cannes - suecos não servem lanchinho pra visita