Thursday, 14 March 2024

Lixão digital

A minha bio do instagram atualmente é "entusiasta de fotografia, banda de rock e de falar mal de rede social". De fotografia e banda de rock eu já falei nesse blog, tava faltando falar mal de rede social. Até que demorou bastante, mesmo eu tendo ensaiado outras vezes dar meus dois centavos sobre o assunto.


Esse post da Uaba me inspirou muitissimo quando li. Eu também queria ficar desonline, mas não consigo. O mais perto que cheguei disso foi quando, na pandemia, passei uma semana sem redes sociais e recebi a iluminação divina: ninguém me enchia o saco. Eu tive clareza de pensamento, liberta de qualquer que fosse o clamor caótico do Twitter no momento. Percebi que postar stories sobre mim e a minha vida era um exercício tosco e narcisista que não agregava nada pra ninguém e ninguém estava interessado - não mais do que eu estava interessada em selfies ou fotos de comida alheias. Ou nos memes repetidos. Ou nos stories revoltados buscando conscientizar as pessoas de uma causa - esses eram os piores, porque ninguém me convertia a nada (era 2020, mind you. Estávamos vivendo um apocalipse). Eu só virava os olhos quando a pessoa não tinha minha opinião, e me sentia mais inflamada a reclamar se a pauta era sensível a mim, mas a reclamação efetivamente não fazia nenhuma diferença porque ficava restrita à bolha da internet. Basicamente, eu gastava muito tempo e energia tentando fazer a minha vida normalzona parecer misteriosa, descolada e boa o bastante pra gerar engajamento - mas nada disso me trazia novas amizades ou pagava minhas contas. 

Depois disso fiquei sem o Instagram e passei um tempão sem Twitter. Aí fiz um outro Instagram, onde resolvi fazer tudo diferente: seguir só pessoas com quem eu não tenho vínculo emocional (pra ter menos chance de sofrer me comparando com elas), parar de seguir contas de marcas e lojas (pra receber menos anúncio e sofrer pelas coisas que eu não tenho), seguir no máximo cem pessoas (pra não me intoxicar constantemente com lixo). Acabou virando uma conta pra seguir gente que gosta de papelaria e aquarela. Se eu não te sigo ou parei de te seguir, não é nada pessoal: eu provavelmente gosto de você, e tenho interesse em partes da sua vida, mas quero controlar quando e quanto dela eu quero saber, porque tudo o que eu vejo acaba ocupando espaço na minha cabeça e se repetindo de algum modo. Às vezes, me causando bastante ansiedade. Minha conduta padrão pós-2020 é me manter ignorante do máximo de informação que eu puder, pelo bem da minha já saracoteada saúde mental - não é muito inteligente ou algo que me dá orgulho, mas tem funcionado. E devo dizer que 90% das informações que eu perco são realmente inúteis ou são coisas das quais eu tenho pouco a contribuir.

Exemplo prático: Conflito armado Israel x Palestina. Sim, sei que está acontecendo, embora eu não esteja por dentro dele neste momento. Sim, eu obviamente tenho opiniões. Obviamente estou chocada. Eu tenho algum conhecimento de política internacional pra embasar minhas opiniões? Eu tenho condições de iluminar alguém desinformado que venha a ler minha opinião? Não, então simplesmente não abri a boca sobre o assunto. Enquanto isso tem gente retuitando vídeo de gente explodindo e sangrando até a morte como se não fazer isso fosse estar pactuado com os assassinos. Mas eu já fui essa pessoa, a que pensa "os outros precisam saber disso". E não precisam não. A internet virou um grande lixão digital, cada vez mais abarrotado de sensacionalismo que informa menos e procura viralizar mais, e cada vez mais o "os outros precisam saber disso" vira "os outros precisam ver que eu me importo com isso". Faz algum sentido? Talvez aqui eu já esteja viajando na maionese. Acho que a ideia de lixão digital é justamente por ter tanta microinformação disponível sobre tanta gente, tanta coisa, que absolutamente não tem a menor relevância na minha vida e mesmo assim fica lá acumulando pó num canto do meu cérebro.

Mas eu ainda não consegui ficar offline. Vou voltar aqui e escrever mais sobre o assunto em outra hora.


Monday, 11 March 2024

Almanaque da Emi #12

Eitaaaaa que o mês de março me atropelou.
Eu sei muito bem que o início do ano é uma construção totalmente arbitrária mas eu detesto os efeitos psicológicos que esse arranjo provoca em mim. Fico procrastinando os primeiros quinze dias de janeiro depois mais uns dias em fevereiro, e sempre tenho que pegar no tranco à força em março, quando já não há mais desculpas de um feriado no meio do mês pra flexibilizar os prazos.

A Bruna deixou um comentário nesse post aqui e eu fiquei pensando bastante no que ela disse sobre "treinar o olhar pra ver beleza no cotidiano" como forma de criar conteúdo visual (gente, desculpem não responder todos os comentários sempre, eu leio todos mas as vezes eu não tenho energia pra responder mas eu agradeço e aprecio todas as discussões que vocês trazem aqui!!). É cem por cento verdade, e realmente eu perdi o jeito pra fazer isso. Uma hora eu queria escrever um post sobre o assunto, de preferência junto com algum conteúdo visualmente bonito hahahahaha.
Mais dois highlights desse início de ano: comecei a fazer pilates e superei meu medo de dirigir na cidade grande sozinha.

Lidos:

Nada, pura e simplesmente. Peguei minha edição bonita de Crime e Castigo pra ler mas só avancei algumas páginas, me interessei por vários títulos e ficou por isso mesmo. Mentira: voltei a ler webtoon nos últimos meses e consumi a MARAVILHOSA Marry My Husband (que virou série no prime, o SABOR DA VINGANÇA) e Miss Abbott and the Doctor, que começa bem fofinha mas do meio pro final começa a ser repetitiva. Foi isso.

Assistidos:

Vi vários episódios de Brooklyn 99 como série de fundo (que delícia, como ela é uma ótima série pra você ver como ruído de fundo!!!) e PIREI na série Vale O Escrito da Globoplay, que é sobre crise sucessória no universo jogo do bicho carioca. Eu, como pessoa da roça cujo entendimento sobre o Rio se baseou em produções romanescas da Globo, não estava preparada pro Kinder Ovo de crime que é essa história. Milícia? Carnaval? Futebol? Máquina de caça níquel? O Rio de Janeiro não é pra amadores.
Por fim, marido me levou no cinema pra ver Dune parte 2 com ele (eu não vi a parte 1). Não me agarrei com a história, mas o filme é bom.

Links:

Só tenho artigos acadêmicos abertos no meu navegador e pouparei vocês (basicamente isso explica porque não li nada).

Ouvidos:

Meu últimos 3 meses do lastfm agora está assim:




King Crimson e Led Zeppelin trocando de lugar, do mesmo jeito que Olivia Rodrigues e Taylor Swift, um reflexo do meu vício no álbum Beat (Deus abençoe bandas que lançam discos consistentemente parecidos com os anteriores pra gente curar a ressaca de um material com outro que é basicamente o mesmo) e a descoberta das faixas ocultas do Guts. Olivinha está alimentando a adolescente de 16 anos que ainda vive em mim, e me atormenta com insegurança crônica, raiva e ansiedade social - é gostoso demais não sentir essas coisas sozinha. A loira pernuda vai lançar um cd em abril e eu não sei o que esperar.
No mais, Sabrina Carpinteira voltou a ser alvo da minha atenção (esse cd dela é realmente bom) e destaque pra minha antiga BANDINHA FAVORITA DE TODOS OS TEMPOS, SIXPENCE NONE THE RICHER!!!! Fui informada pela Yuu que eles estão planejando um comeback e eu só sei GRITAR.

Jogos:

VOLTEI A JOGAR NEOPETS. Isso é péssimo, porque esse jogo sempre me deixou ansiosa, descaralhada da cabeça e consumiu muito tempo meu, mas fiquei feliz de ter conseguido mais dois avatares :') e pets UC que eu sempre quis :'). Em janeiro e fevereiro eu tava usando o The Sims como meio de contar histórias e isso consumiu muito o meu tempo também. Foi legal enquanto durou e sinceramente quero voltar pra isso assim que puder. Em paralelo, meu interesse no Love Nikki vem caindo (fico meio chateada pq esse jogo foi minha companhia constante desde a pandemia, mas all things must pass etc). Eu detesto o fato de perder tanto tempo com jogos, mas ¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯¯\_(ツ)_/¯

Hitou:

BBB - Oscar - Grammys - cd novo da Ariana Grande - RIP Akira Toriyama - Kate Middleton desaparecida


É isso, gente, bjo bjo e até!!