Thursday, 12 May 2022

Fantasias demissionais

Atualmente tenho três (!) empregos: um com estabilidade, o sonho da minha família, e dois freelas, por assim dizer. O emprego com estabilidade é o responsável pela maior parte da minha renda - ou pelo menos é o que eu penso, porque como o salário dos freelas flutua muito eu desisti de fazer uma contabilidade adequada e vou sempre nivelando pelo pior cenário possível. #adulting.
Isso não seria nenhum problema se eu gostasse de trabalhar. Risos.
Eu gosto de trabalhar. O suficiente, pelo menos. O que eu não gosto é o fato do emprego com estabilidade me pagar muito mal... e de ter me dado de presente um episódio de sindrome de Burnout no qual eu passava horas pensando em me machucar feio pra passar tempo no hospital ao invés de no trabalho... e de ele consumir muitas horas comerciais... e também toda a minha criatividade e vontade de viver. Não tenho nada contra os freelas, só o fato de eles não se repetirem o suficiente para eu pagar minhas contas sem querer morrer por horas a fio.
E aí aconteceram umas coisas na minha vida (descobri que eu sou herdeira do trono de Genóvia, ou quase isso) e estou considerando largar o emprego com estabilidade. Estou me permitindo fantasias demissionais.

Como sonhar é de graça, nessas fantasias eu mudo completamente de área de atuação e vou trabalhar com arte, uma coisa que eu descobri recentemente que gosto, e mais recentemente ainda que é um campo real de trabalho (e não apenas coisas pra madames desocupadas em novelas do Manoel Carlos). Abriria meu próprio estúdio, que seria uma misturinha de tudo: experimentação com aquarela, caligrafia, projetos de costura e bordado, ateliê de encadernação, quem sabe me arriscaria na marcenaria. Faria streams dos meus projetos. Ou viraria fotógrafa, uma profissão sugerida por muitos dos meus amigos, que eu nunca considerei seriamente mas talvez sempre tenha desejado. Fotografaria tudo de bonito o tempo todo e comporia uma vida mais interessante contando histórias com imagens, coisa que eu fazia aos montes e deixei nitidamente de fazer quando consegui um emprego de verdade. A criatividade faria parte do meu trabalho, e eu passaria horas estudando cores, formatos e criando composições que não precisariam prestar conta a nenhuma ética ou normativa além da harmonia visual. 

Não sei se tenho coragem de começar uma profissão do zero, ou mesmo de pedir demissão, mas na minha cabeça o trabalho com arte está a todo vapor.

passarinho feliz no Parque das Aves de Foz (2018)